Resquícios de uma chama outrora mais reluzente Aluno da unidade Zona Leste vence o Concurso de Redação do Cursinho da Poli

Aconteceu no mês de outubro o primeiro Concurso de Redação do Cursinho da Poli, e o texto vencedor foi o do aluno Geraldo Alves de Almeida Filho, da unidade Zona Leste. Com o título “Resquícios de uma chama outrora mais reluzente”, seu texto foi selecionado pela Comissão Julgadora, constituída por professores da área da Língua Portuguesa do CP. Todas as redações participantes deveriam usar como tema “a juventude de 1968 e seu legado para a modernidade”. Como prêmio, Geraldo poderá escolher entre ter a inscrição em algum vestibular paga pelo Cursinho da Poli, ganhar um convite para a peça teatral “Hamlet” ou ganhar um bônus para a aquisição de livros.

Em seu texto, Geraldo fez uma breve análise dos engajados jovens do ano revolucionário, que se interessavam por livros de grandes pensadores, enquanto, atualmente, a grande maioria dos estudantes ocupa seu tempo discutindo banalidades pelo Orkut e MSN. O aluno, que vai prestar o vestibular da Fuvest para o curso de Engenharia Civil, conta como pesquisou o tema: “O primeiro contato que tive com o assunto foi quando assisti ao programa ‘Roda Viva’ (TV Cultura), cujo entrevistado foi o jornalista  Zuenir Ventura”. Geraldo também usou o livro do próprio Ventura, “1968: o ano que não terminou”, para complementar seus conhecimentos.

Confira, abaixo, a redação do aluno Geraldo Alves de Almeida.

RESQUÍCIOS DE UMA CHAMA OUTRORA MAIS RELUZENTE
Em meio ao “caldeirão” de acontecimentos que tornaram o ano de 1968 um dos mais marcantes do século XX, alguns de seus protagonistas deixaram um legado que, a cada época, emerge de maneira peculiar: a paixão e/ou a convicção com que buscavam alcançar seus objetivos. Resgatar esse espírito de luta e reivindicação – característico daquele conturbado ano – adicionando-lhe um projeto sólido e viável, do ponto de vista sócio-político-econômico – o que, pelo que os fatos indicam, faltou no passado –, visando solucionar problemas de quaisquer naturezas, aparenta ser o início de um caminho para a convergência de ideais, ainda que advindos de contextos históricos diferentes.

Uma das características mais notáveis da geração de 68 foi, sem dúvida, a total aversão à subserviência; tanto que o repúdio ao modo de vida repressivo que começava a se instalar, ia se tornando cada vez mais comum entre os cidadãos, independentemente de classes sociais. Isso ficou bem explícito quando, após o assassinato do estudante Edson Luís, não só seus colegas como também outros setores da sociedade foram para as ruas protestar, sobretudo a classe média e alguns representantes da Igreja. Mesmo havendo dissidências ideológicas entre os próprios estudantes (os mackenzistas, por exemplo, eram notadamente liberais, enquanto os graduandos de Filosofia da USP mantinham uma postura alinhada à esquerda), o Movimento Estudantil conseguiu realizar um feito histórico num tempo em que a liberdade de expressão estava eminentemente ameaçada: a lendária “Passeata dos Cem Mil”.

Salvo em raros casos (baseados em suspeitas de desvio de verbas, recentemente os alunos da Universidade de Brasília exigiram, com êxito, a saída do reitor da instituição), é essa “essência cidadã” em questionar os rumos que o país se propõe tomar – o que se observou em abundância naquela nostálgica geração de 68 – que, hoje, percebe-se ausente. Naquela época era comum o interesse por livros derivados de teorias de pensadores como Karl Marx, por exemplo, tanto que estes chegavam a esgotar-se rapidamente nas lojas. Já nos dias atuais, a grande maioria das comunidades do Orkut e a troca de mensagens pelo MSN preferem enfatizar banalidades, do tipo: “sabe o que aconteceu ontem no episódio de Malhação?...”. À margem disso, hipócritas de colarinho branco, como os do nível do Sr. Daniel Dantas, sorriem diante das câmeras de tevê por não acreditarem na punição de seus atos ilícitos e por ficarem, de fato, impunes. Ou seja, se num dado momento sobravam idéias e não se dispunha, ainda, de uma “logística” apropriada para pô-las em prática, no outro nota-se o inverso.

Adotar uma conduta ativa, passando a exigir explicações contundentes acerca da condução de políticas diversas do país, disciplinada e ordenadamente, são atitudes que podem atar as duas pontas da História: esta e aquela do final da década de 60. Os jornalistas diriam: “‘ganchos’ há de todos os tipos” (aquecimento global, corrupção, miséria, enfim). O início, então, pode se dar a partir de uma releitura do Manifesto Comunista de Marx e Engels: “Não só proletários, mas também estudantes e setores diversos da sociedade brasileira, uni-vos!”.

Geraldo Alves de Almeida - unidade Zona Leste - matutino

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