Perspectivas de Paz: Diversidade e Tolerância

André Tadiello, produtor dos três últimos Gay Day

Habitado exclusivamente por tribos indígenas até o século XV, desde então explorado e colonizado por portugueses, o que o levou a receber fortes influências de culturas africanas trazidas pelos negros escravos, as quais, mais tarde, se somaram a influências de variados povos imigrantes ­– japoneses, italianos, alemães e tantos outros –, o Brasil possui a diversidade cultural como a maior característica de seu povo. Porém, nem sempre vivemos num ambiente de tolerância entre diferenças.

Obviamente, são raros, no país, os casos extremos de violência causada por questões de xenofobia ou divergências religiosas, mas é impossível negar que existem preconceitos velados em nossa sociedade. A polêmica questão das cotas para negros nas universidades públicas tem estado em pauta até mesmo na grande mídia, confrontando opiniões sobre a medida.

E há outras questões relativas a problemas de convivência que também têm gerado discussão e atrito, como a disputa de terras entre grupos indígenas e plantadores de arroz na reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima, ou como o casamento entre pessoas do mesmo sexo, legalizado recentemente em diversas partes do mundo, mas ainda proibido no Brasil. Se todos são iguais perante a lei, por que ainda há intolerância e preconceito contra minorias?

“Todo ser humano já nasce com o preconceito inserido em sua alma. Para enfrentar essa barreira, tentamos mostrar um olhar diferenciado sobre a nossa história de vida e sobrevivência”, explica a ex-aluna do Cursinho da Poli Maria das Dores da Conceição Pereira do Prado, ou simplesmente Dora. Descendente de índios Pankararu, Dora conseguiu superar todo preconceito que pudesse impedir sua preparação acadêmica e profissional e se formou em Pedagogia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).

Atuando como pedagoga na Casa de Saúde Indígena, Dora acredita que conviver com as diferenças de cada cultura não conduz à perda da identidade, podendo, ao contrário, ajudar a atualizar e reforçar as tradições indígenas nos tempos atuais. “Vivemos em um mundo globalizado com o qual o jovem indígena não tem amplo contato. Porém, é possível dizer que os nossos jovens estão buscando mais conhecimentos educacionais e tecnológicos, para, então, executar atividades dentro de sua comunidade sem a intervenção do não-indígena. Estamos aprendendo o que o não-indígena sabe, nos adaptando a novos conhecimentos, para ajudar o nosso povo”.

Os preconceitos também estão sendo vencidos por aqueles cuja sexualidade é oprimida pela grande maioria da população: até o final de 2008, estão previstas 100 Paradas Gays em todo o Brasil, segundo a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais. No site da ABGLT (www.abglt.org.br), é possível participar do abaixo-assinado virtual em favor da aprovação do Projeto de Lei 122/2006, que criminaliza a homofobia.

“Acho que seria exagero dizer que o país é homofóbico, mas grande parte da população o é, ou por falta de informação, ou por ter sido criada para ser hétero, para casar e ter filhos no método convencional. Tudo o que for contra seus credos será visto como 'anormal'", lamenta André Tadiello, produtor dos três últimos Gay Day (evento internacional realizado em parques de diversão nos quais, numa data especial, reúnem-se principalmente os homossexuais.

A cada ano, mais e mais pessoas vêm participando dos eventos GLBT em todo o Brasil, o que mostra que, aos poucos, preconceitos estão sendo superados. Mas ainda há barreiras a serem vencidas, como a criminalização da homofobia e a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo. "O que os homofóbicos precisam entender é que não são dois homens ou duas mulheres que estão juntos e, sim, duas pessoas, que se gostam e têm o direito de ficar juntas, de casar e ter filhos, direitos que os héteros têm”, desabafa o produtor de eventos.

Mas André lembra que muitos tabus já foram quebrados e comemora: “A sociedade tem visto os gays com outros olhos. O legal é que, em grandes eventos, como a Parada e o Gay Day, sempre tem a presença de héteros com seus filhos. Muitos dizem que querem que seus filhos cresçam sem nenhum tipo de preconceito.”

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